Por ter um primo com deficiência auditiva, Waldeci Antônio da Silva, operador de Processo industrial da Thera, já havia tido o primeiro contato com a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Isso fez dele um ótimo parceiro de trabalho de Walter Pereira de Souza Filho, que também tem a deficiência. Os dois trabalham juntos na produção e operação do Bocal de Tanque de Combustível. "Ele é muito concentrado e organizado", elogia Waldeci.

Walter é um dos 108 empregados do Grupo Aethra que tem algum tipo de deficiência (PCD). A Aethra faz parte do reduzido grupo de empresas no país que cumprem a cota de vagas determinada pelo Ministério do Trabalho. Embora a Lei 8.123 determine que toda empresa com mais de cem funcionários deva reservar 5% de suas vagas para colaboradores com deficiência, no Brasil apenas 39,5% estão em dia com a legislação.

Mais do que cumprir a lei, a empresa tem trabalhado para, efetivamente, incluir esses colaboradores. A Thera, por exemplo, já teve uma turma formada em libras; na Centauro, uma segunda turma composta de cerca de 20 alunos acaba de concluir o curso. Além disso, as plantas que têm pessoas com limitações físicas possuem rampas adaptadas, e as lideranças recebem instruções para lidar com esses colaboradores.

Na empresa desde 2007, Walter chegou até a Aethra por meio de uma turma do Senai. "Gosto de trabalhar aqui, e o contato com os colegas é ótimo. Até ensino um pouco de Libras para eles." Ele conta que no começo ficou um pouco preocupado com o desafio que acabara de assumir. Temia não aprender o necessário, mas todos o receberam bem e ajudaram na adaptação à nova função.

A Aethra preza que essa sintonia entre os colegas de trabalho seja mantinda. "Aprendemos que não podemos restringir o acesso das pessoas a determinadas funções simplesmente pelo fato de elas terem algum tipo de deficiência. A prática tem mostrado que elas são capazes de superar as dificuldades e nos surpreender", comenta Júnia Beatriz Rosa, analista de RH.

Ação

Desde 2007, a Aethra mantém turmas de pessoas com deficência em parceria com a unidade do Senai Euvaldo Lodi, em Contagem. Até hoje, 11 turmas foram formadas.